4 Livros escritos por advogados para advogados
No dia 11 deste mês comemoramos o Dia dos Advogados. Para marcar a data, fizemos uma pequena seleção especial para nossos colegas e aspirantes à advocacia: livros escritos por advogados que nos fazem refletir sobre nossa profissão, nosso papel na comunidade e os ideais sob os quais nos inspiramos.
Nossas saudações e abraços a cada advogado e advogada que luta todos os dias por seus assistidos e por uma sociedade melhor. Aproveitem a leitura!
As misérias do processo penal
Francesco Carnelutti
Embora tenha se tornado nome célebre do Direito Processual Civil, é de autoria de Francesco Carnelutti uma das mais belas declarações de amor à advocacia criminal. As misérias do processo penal reúne a visão do seu autor sobre a justiça e o processo penal, refletindo sobre o papel do juiz, a missão do advogado e a humanidade do réu de uma maneira que emociona qualquer criminalista e renova a fé na profissão.
Dentre tantas passagens memoráveis, merece destaque a sua descrição da essência do vínculo que une o advogado ao réu: “Companheiro, de “cum pane”, é aquele que divide conosco o pão. O companheiro se coloca no mesmo plano daqueles aos quais faz companhia. A necessidade do cliente, especialmente do acusado, é isto: de alguém que se sente ao lado dele, sobre o último degrau da escada.” Absolutamente inspirador.
A luta pelo direito
Rudolf von Ihering
“A paz é o fim que o direito tem em vista, a luta é o meio de que se serve para o conseguir.” Com essas palavras, Rudolf von Ihering abre A luta pelo direito, obra que se tornou rapidamente um dos clássicos da literatura jurídica ocidental. Nela, seu autor defende a ideia de que o Direito só se constrói na luta, e que nenhum direito jamais veio de graça, pela simples evolução dos espíritos, mas que todos os direitos da humanidade foram conquistados sempre através de luta e mantidos somente com muitos esforços.
Embora não fosse advogado, mas sim professor universitário, as ideias de Ihering são profundamente impactantes para a profissão, e o lema inscrito nos dois capítulos em que se divide este livro – “a luta pelo direito é um dever do indivíduo para consigo próprio e para com a sociedade” – nos lembra do valor do advogado como agente de avanço do Direito e faz parte da essência da advocacia.
Descasos
Alexandra Lebelson Szafir
Em um país com um sistema prisional comparado a “masmorras medievais” e reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal como um “estado de coisas inconstitucional”, o que pode um advogado fazer na defesa daqueles que não têm nada? Alexandra Lebelson Szafir responde a essa questão em Descasos: uma advogada às voltas com o direito dos excluídos, com os casos reunidos ao longo de uma carreira profissional dedicada à advocacia criminal, onde podemos ver em sua crueza as tristes mazelas do sistema e como a atuação do advogado é, com frequência, a única proteção das pessoas contra o poder.
A escrita de Alexandra é fácil, emocionante e contundente, e sua história de vida é impressionante e inspiradora: portadora de esclerose lateral amiotrófica, o livro foi escrito por ela com os olhos, com o auxílio de uma tabela com o alfabeto, sinalizando letra a letra todo o conteúdo. Ela manteve uma intensa atividade e comunicação até o fim da vida, usando do mesmo procedimento para atuar na advocacia, colaborando com revistas e até escrevendo uma continuação da obra (Descasos 2) antes de falecer, em 2016.
O mito do advogado
Walter Bennett
Para muitos, a advocacia vive uma crise. Uma crise de valores, de perda da paixão profissional e da fé na profissão diante da lógica de vencer a qualquer custo. Refletindo sobre isso e relembrando suas próprias incertezas e sonhos ao longo de sua caminhada pela advocacia, Walter Bennett procura em O mito do advogado respostas para o sentimento de vazio que boa parte da classe sente em relação à advocacia, recuperando os modelos que historicamente serviram de inspiração e fazendo um apelo à reconstrução dos ideais através do estreitamento dos laços entre os advogados. Uma excelente obra para renovar as energias e relembrar do “algo maior que nós” sem o qual nós advogados não conseguimos viver.
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Por Filipe Knaak Sodré, advogado criminalista e sócio de Peter Filho, Sodré & Rebouças Advogados.