5 Livros para pensar a advocacia | Por Filipe Knaak Sodré

Ah, um bom livro… Como descrever a sensação incrível que vem da leitura daquele livro que abre a sua mente, te transporta para lugares e épocas diferentes, te faz sentir e pensar de maneiras novas e, às vezes, te desperta para algo que você nunca imaginou? E convenhamos: pode ter coisa melhor para um fim de dia, aconchegado na cama ou na poltrona? Bom demais, não é?!

Pensando nisso, aqui vão alguns livros para inspirar quem gostaria de seguir (ou já segue) a carreira na advocacia criminal. Nem todos têm um mote jurídico ou algum personagem advogado, mas todos têm em comum uma mensagem que certamente fará você pensar (ou repensar) o sentido da profissão.

 

O SOL É PARA TODOS
Harper Lee

Um dos livros mais aclamados e premiados de todos os tempos, O Sol É Para Todos nos apresenta, através dos olhos da pequena Jean Louise “Scout” Finch, a pequena cidade de Maycomb, no interior do Alabama, nos anos 30. Um lugar pacato e aparentemente tranquilo onde os piores sentimentos de seus cidadãos vêm subitamente à tona depois que um rapaz negro é acusado de estuprar uma moça branca.

Atticus Finch, o advogado do rapaz e pai de Jean Louise, virou um símbolo na literatura (e depois no cinema) do defensor dos direitos dos mais fracos e do ideal de uma advocacia comprometida com a justiça, e um exemplo inspirador para legiões de leitores advogados ou estudantes que sonham em ser como ele.

 

O PROCESSO
Franz Kafka

Josef K. acorda certa manhã e é informado que está sendo processado. Por quê? Não lhe dizem. No decorrer da obra, acompanhamos suas desventuras e situações surreais ao longo de um processo incompreensível em que nunca lhe são dadas respostas.

Pertubador, claustrofóbico e angustiante, O Processo é uma metáfora para os diversos absurdos cotidianos e, especialmente para quem trabalha com o Direito, um alerta: o quanto a lei é acessível ao cidadão comum? O quanto um processo penal qualquer hoje não se aproxima – aos olhos de pessoas simples, muitas vezes sem recursos e sem instrução, que são, na esmagadora maioria dos casos, as submetidas a esses procedimentos – do surreal descrito nesse livro?

 

1984
George Orwell

A maior obra literária contra o totalitarismo já escrita. A história do peso de um Estado Totalitário, em guerra eterna, com vigilância secreta e onipresente, manipulação radical da história e uso sistemático de tortura e morte como eliminação de dissidentes, e do homem solitário que tenta recuperar sua liberdade e individualidade. Desde seu lançamento, em 1949, suas ideias e conceitos (como Grande Irmão, duplipensar e crime de pensamento) se popularizaram mundialmente, e o termo orwelliano virou sinônimo de engano oficial, vigilância secreta e manipulação estatal.

1984 retrata de maneira intensa e brutal os piores terrores que tentamos combater com a ideia de submissão do poder à lei. Um sábio aviso contra a sedução do discurso de aumento dos poderes de repressão do Estado, invocado sempre com fins nobres ou apontando inimigos da sociedade que precisam ser combatidos, mas que termina sempre usado como instrumento de arbítrio e opressão. Leitura obrigatória!

 

DIAS E NOITES DE AMOR E DE GUERRA
Eduardo Galeano

Neste livro, Eduardo Galeano relembra histórias vividas por ele e por vários outros nos tristes anos das ditaduras latino-americanas. Momentos de força, horror e delicadeza contados com uma poesia simples e tocante.

Um livro para compreender o autoritarismo que ainda se recusa a morrer em nossas instituições, e da luta dos homens e mulheres (advogados, jornalistas, políticos, soldados e tantos outros) que, com seus sonhos e esperanças de dias melhores, fizeram coisas belas e notáveis e que podem nos ajudar, hoje ainda, a encontrar força e motivação para vencer as batalhas diárias.

 

 

A PESTE
Albert Camus

Também um dos maiores romances de todos os tempos, A Peste narra a história da tomada da cidade de Oran pela peste e a luta de seus habitantes para vencê-la. Uma história linda, envolvente, trágica e, mais do que tudo, de uma humanidade inigualável.

Um romance de várias leituras possíveis, como a que o aponta como uma metáfora para a luta contra o nazismo na Segunda Guerra Mundial, mas que em todas elas traz uma mensagem poderosa de solidariedade humana, de luta contra a morte e o terror, que é possível e imperativo trazer para a nossa prática pessoal e profissional, e que nos ensina a “recusar tudo o que, de perto ou de longe, por boas ou más razões, faz morrer ou justifique que se faça morrer”.

 

Por Filipe Knaak Sodré.

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