5 Filmes para se apaixonar pela advocacia | Por Filipe Knaak Sodré

Quem me conhece sabe que sou aficionado por cinema. O cinema faz parte da minha vida desde as memórias da infância, assistindo às fitas VHS dos desenhos Disney que meu pai comprava, passando pela adolescência regada a Sessão da Tarde, continuando até hoje como um dos meus prazeres preferidos.

Bem provavelmente, aliás, os meus primeiros pensamentos sobre ser advogado tiveram o cinema como origem. Em vários filmes é possível ver essa figura: o advogado destemido e eloquente, que luta pelo seu cliente e pela justiça, mesmo com suas dúvidas e conflitos pessoais, tentando fazer a coisa certa, ainda que nos casos mais difíceis. Vê-lo em ação era sempre magnético e inspirador, um modelo de homem e profissional que eu gostaria de ser.

Pensando nisso, fiz uma pequena lista de cinco filmes para quem, como eu, adora uma boa história e para se apaixonar pela advocacia. Vamos lá:

 

TEMPO DE MATAR (A Time to Kill, 1996)

Clanton, Mississippi. Uma menina negra de dez anos é brutalmente estuprada e deixada à beira da morte por dois supremacistas brancos. Ambos são presos, mas o pai da criança, Carl Lee Hailey (Samuel L. Jackson), cego de ódio e atormentado pela ideia de que os dois possam ser libertados pela justiça (num estado em que o racismo está enraizado e que conta com presença forte da Ku Klux Klan), mata ambos na frente de diversas testemunhas, além de acidentalmente ferir um policial. Em meio à tensão racial que explode na cidade, cabe ao advogado Jake Brigance (Matthew McConaughey) fazer a defesa de Carl pelo assassinato, tentando sensibilizar um júri branco da tragédia vivida pela comunidade negra.

Baseado no livro homônimo de John Grisham, Tempo de Matar é uma obra brilhante sobre o racismo. Impossível não se emocionar com a defesa final de Jake perante o júri, não importa quantas vezes você assista.

 

QUESTÃO DE HONRA (A Few Good Men, 1992)

Dois soldados na base americana de Guantánamo são acusados de matarem um recruta, em um caso com uma dúvida central: teriam eles agido por conta própria ou teria o Coronel Jessup (Jack Nicholson) ordenado o “Código Vermelho” como castigo ao recruta insubordinado? Diante da Corte Marcial, os advogados de defesa (Tom Cruise e Demi Moore) buscam a verdade encoberta por oficiais das Forças Armadas, mesmo enfrentando a total ausência de provas favoráveis aos seus clientes.

Um dos melhores filmes de Tom Cruise, com uma atuação – como sempre – assombrosa de Jack Nicholson, com destaque para o embate entre os dois personagens no tribunal no clímax do filme. “Você não suporta a verdade!” virou referência cult entre cinéfilos.

 

AS DUAS FACES DE UM CRIME (Primal Fear, 1996)

Martin Vail (Richard Gere) é um advogado vaidoso e arrogante, que acaba se tornando o defensor de um jovem (Edward Norton) acusado de matar a facadas um arcebispo local, num caso em que reviravoltas e novas revelações ocorrem a todo instante. Um verdadeiro thriller de tribunal.

Destaque para a atuação incrível de Edward Norton, em um de seus primeiros trabalhos de sucesso. O personagem de Richard Gere é complexo, mostrando, por baixo da camada superficial de vaidade e cinismo, um advogado que realmente acredita no que faz. “Eu acredito na noção de que as pessoas são inocentes até serem provadas culpadas. Eu acredito nessa noção, porque eu escolho acreditar na bondade essencial das pessoas. Eu escolho acreditar que nem todos os crimes são cometidos por pessoas más. E eu tento entender que algumas pessoas muito, muito boas fazem coisas muito ruins.”

 

FILADÉLFIA (Philadelphia, 1993)

Quando um advogado gay e portador do HIV (Tom Hanks) é demitido de seu escritório de advocacia por causa de sua condição, o único disposto a representá-lo em um processo contra a demissão injusta é um advogado homofóbico de pequenas causas (Denzel Washington).

Um dos melhores filmes com temática jurídica já feitos. Denzel Washington é perfeito como o advogado bonachão que entra num caso que vai rapidamente lhe ensinando muito sobre respeito às diferenças entre as pessoas, e Tom Hanks ganhou o Oscar por seu papel como o brilhante advogado que vê sua carreira desmoronar diante da doença e do preconceito. É de seu personagem uma fala da qual sempre me lembro e que resume o sentimento do que é ser advogado: “O que eu mais gosto no Direito? É que de vez em quando – não frequentemente, mas ocasionalmente – você consegue fazer parte da justiça sendo feita. E isso é realmente emocionante quando acontece.”

 

PONTE DOS ESPIÕES (Bridge of Spies, 2015)

Outro filme excelente de Tom Hanks, desta vez interpretando o advogado James B. Donovan, que durante a Guerra Fria foi designado pela Ordem dos Advogados para atuar na defesa de um espião soviético (Mark Rylance) preso nos Estados Unidos, rendendo hostilidades da comunidade contra ele e sua família quando ele atua de maneira absolutamente profissional no caso, ignorando os avisos de seus colegas de que o julgamento, na verdade, deveria ser só de fachada.

Embora só a primeira parte do filme seja propriamente ligada ao julgamento – a segunda metade retrata a história incrível (e real) de como Donovan se viu no meio de uma troca internacional de prisioneiros – ele é absolutamente indispensável para qualquer um que pensa em seguir a advocacia criminal. A defesa da lei e de um processo justo, não importando quem seja o réu, faz brilhar os olhos de quem acredita nesses valores, ainda mais em tempos tão difíceis quanto os nossos. Aliás, uma excelente resenha jurídica desse filme foi feita pelo professor Lenio Streck em sua coluna no site Consultor Jurídico.

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Por Filipe Knaak Sodré.

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